Milo Manara chegou até mim através da revista Heavy Metal, especializada em quadrinho adulto produzido fora dos EUA. Me deparei com o trabalho do cara que retratou a figura feminina de forma tão pungente, tão avassaladora, que depois de lê-lo, passei a olhar para estas preciosidades, as mulheres, com outra visão. A visão de que realmente são deusas, e que estamos à sua mercê.
Quando era menino, o mais próximo que os garotos da minha idade chegariam de uma revista erótica eram aquelas revistas em quadrinhos de piadas. Aquelas com enfermeiras, empregadas e secretárias em roupas curtíssimas. Já na adolescência, vieram filmes como os da série
Emmanuelle (da recém falecida atriz
Sylvia Kristel), mas os que mais me atraiam eram os de
Tinto Brass, clássicos do
softporn italiano.
Calígula (com
Malcolm McDowell, de 1979) e
Monella, A Travessa (1997), que não eram por assim dizer, clássicos do cinema europeu como os de
Michelangelo Antonioni, mas eram maravilhosos. Mesclavam doses cavalares de sensualidade e conflitos psicológicos próximos aliados a roteiros hilariantes e inteligentes. Mas com Manara, tudo isto se elevou à um novo patamar. Minha primeira leitura inteira de uma obra foi Gullivera, livre adaptação do romance de
As Viagens de Gulliver, de
Jonathan Swift.
"A extrovertida Gullivera abre a porta de mundos fantásticos, habitados por anões monarquistas, gigantes brincalhões, garanhões libidinosos ou ninfomaníacas frustradas. Depois de décadas de tradição escolar, estas histórias pareciam definitivamente reservadas às crianças comportadas. Quem mais, além do impertinente e ácido Milo Manara, poderia revisitar com tanta volúpia este conto filosófico em uma versão adulta?" (1)
Filho de uma família de seis crianças, nascido em Luzon, uma pequena cidade italiana da província de Bolzano, Manara foi atraído para as artes gráficas em obras como
A Ilíada e a
Odisseia, em edições recheadas de gravuras. Na adolescência, se torna ajudante de um proeminente escultor espanhol, onde pôde lapidar sua técnica e aprender outras novas. Seus primeiros trabalhos, já considerados eróticos, datam de 1968, produzidos em paralelo aos estudos de arquitetura em Veneza.
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Arte de Manara para à Rio ComicCon de 2010. À direita, dando autógrafos para os fãs. |
Em mais de trinta anos de carreira, realizou inúmeros trabalhos para diversos ramos da comunicação gráfica, audiovisual, e de mídia publicitária. Tem amigos tão ilustres quanto ele, graças à sua polivalência:
Federico Fellini. Convidado pelo amigo para ilustrar um roteiro idealizado por Fellini que não fora filmado, Manara criou a arte para um de seus trabalhos mais aclamados: a fantástica obra
Viagem à Tulum.
Podemos destacar dentre seus trabalhos alguns mais importantes -- e polêmicos -- como a coleção
Clic,
Curta Metragens,
A Odisseia de
Giuseppe Bergman e
Bórgia - Sangue Para o Papa. Milo Manara é considerado pelo meio especializado como um dos mestres do quadrinho erótico, ao lado de grandes nomes como
Guido Crepax e sua
Valentina, e
Paolo Eleuteri Serpieri de
Druuna, e do quadrinho convencional, tais como
Will Eisner,
Alan Moore e
Stan Lee.
E você, conhecia o trabalho de Milo Manara? Veja mais trabalhos do autor e conte pra gente o que acha destas maravilhas do erotismo mundial.
Citações: (1)
Guia dos Quadrinhos - Gullivera
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