Por Fernando Miranda
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Pedro Bial apresenta a versão brasileira do programa Big Brother. Foto: Divulgação. Direitos reservados. |
Uma curiosa informação para aqueles que acompanham o programa Big Brother Brasil da Rede Globo de televisão. O Big Brother Brasil (representado pela sua sigla, BBB) é um reality show brasileiro feito pela produtora de televisão Endemol e é apresentado no Brasil pela Rede Globo. Teve a sua primeira temporada realizada em 2002. Endemol é uma produtora holandesa de televisão, especializada em reality shows. Baseado no romance 1984 de George Orwell sofreu com uns processos judiciais dos detentores dos direitos da obra. Para continuar com o nome e moldes do programa, a Endemol pagou uma milionária quantia até hoje não divulgada.
O termo "Big Brother" vem do livro "1984" do escritor britânico George Orwell. No livro, o mundo foi praticamente devastado pela guerra, e pouco depois reconstruído pelos que restaram. Um novo país continental foi criado e chamado de Oceania. Lá, o povo vive num regime totalitário desde que o IngSoc, "O Partido", chegou ao poder sob a batuta do onipresente do Big Brother (em português, O Grande Irmão). Winston Smith, membro do partido externo, funcionário do Ministério da Verdade, exerce penosamente sua função de reescrever e alterar dados de acordo com a ideologia do Partido.
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Versão cinematográfica de Michael Radford para o livro 1984, com John Hurt, Richard Burton e Suzanna Hamilton. |
Questionando a si mesmo pela opressão que o Partido exercia nos cidadãos, parte em uma lunática cruzada de um homem só tentar mudar aquele quadro opressor. Assim, cometia a "crimidéia" - crime de ideia em novilíngua, língua criada por Orwell e que visava reduzir ao máximo as palavras para eliminar a emoção inerente a elas. Fatalmente, aquele que o cometesse seria capturado pela Polícia do Pensamento e era apagado da existência.
Vejam as semelhanças entre o reality show e o livro:
- O líder da casa é análogo aos membros do Partido Interno do livro de Orwell. Detém o poder e são subordinados apenas ao Grande Irmão (Bial e Boninho, generalizando a direção do programa). Vale lembrar que a atual existência do G.I. no livro é de caráter duvidoso.
- A edição do programa, que se assemelha ao papel do Miniver. A "verdade" transmitida às grandes massas que não possuem Pay Per View é totalmente controlada e manipulada, podendo criar heróis e/ou vilões apenas pela disposição das imagens na tela, e pela ordem na qual estas são exibidas.
- O quarto branco nada mais é do que uma das celas do Ministério do Amor. Estas possuem apenas uma teletela e mais nada, e sua análoga televisiva, o quarto branco, apenas câmeras e a comunicação com o diretor Fellipe Vianna.
Onde quero chegar: 1984 foi o livro que abriu a minha mente para o pensamento politico.
Acredito que nós vivemos em uma sociedade de consumo que exclui o pensamento político. Cito o filósofo Gilles Lipovetsky no artigo "Sedução, publicidade e pós-modernidade", onde diz que “o problema é a exclusão, não o consumo”. Eu concordo. E acho que isso se deve também ao sistema educacional brasileiro, que aos poucos elimina os resquícios de uma educação nos campos da ética, da civilidade e da filosofia, dando lugar ao o básico do aprendizado que um cidadão deve receber, excluindo-nos do contato com o pensamento político-filosófico. Já se foi o tempo que jovens iam para as ruas em nome de grandes causas. Estas coisas ainda acontecem, mas em menor intensidade, de forma direcionada, como o exemplo da força do Twitter na decisão pela aprovação do projeto de lei Ficha Limpa pelo SRF, denunciando outra forma de ativismo político: o cibernético.
A Política, segundo o dicionário Aurélio: Arte ou ciência de bem governar, de cuidar dos negócios públicos; Habilidade no trato das relações humanas. O significado que o dicionário exibe não se parece em nada com aquilo que aprendi sobre a política segundo a inteligência coletiva, do povo. Entretanto, acho que tudo ao nosso redor está cercado pelos braços da política, uma vez que ela nos permite viver em sociedade. Mas ainda hoje, e principalmente para minha geração (Y, a dos nativos digitais), ela ainda causa repulsa. Aquecimento global, desemprego, inflação, segurança, uma infinita lista de coisas que não se poderia enumerar com precisão têm haver com ela.
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Dirceu, Valério, Genuino, Jefferson e Delúbio, políticos acusados de envovimento com o Mensalão em 2007 |
Em países subdesenvolvidos e em desenvolvimento como o nosso, a população sofre muito por não ter uma curiosidade política. Nós brasileiros, somos vítimas de nossos próprios preconceitos, transformando tudo isso numa bola-de-neve sem fim. Não temos amor à nossa terra como os Mulçumanos e todos aqueles que moram no Oriente Médio, que brigam pelo seu solo, considerado sagrado. Não temos amor ao nosso passado, como os Japoneses, que cultuam seus antepassados e pedem conselhos. Isso mesmo, por mais que pareça absurdo. Não temos patriotismo, como os Americanos, que amam suas conquistas, um povo vindo da Inglaterra Imperial para fundar a “Nova Inglaterra”, passando por terras áridas e batalhas cruentas (matando milhares de índios nativos, é bem verdade).
No Brasil, um político é eleito por diversos motivos: por ser bonito e jovem, por praticar esportes radicais, por ser operário, por ser pobre, por ser sociólogo, por parecer inteligente, por parecer íntegro, por ter feito hospitais, por gritar em rede nacional, por ter barba grande e parecer idiota, entre outros infinitos motivos. Mas não se elege um político pelo que ele realmente deveria ser: o defensor dos interesses do povo. Seu porta-voz. Seu amigo. Seu representante. Ser alguém que viveu e vive o mundo daqueles que precisam de ajuda, caridade, respeito e dignidade. Assim, nós que adoramos os políticos, odiamos a política.
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