Born To Run, de K-os: análise

Por Fernando Miranda

 

K-os é um rapper, músico multi-instrumentista e compositor canadense. Kevin Brereton usa o anacrônimo K-os (como é comum nos rappers, ex: KL Jay do Racionais), e faz mistério sobre seu significado: "Knowledge of Self" (conhecimento de si mesmo), "Kevin's Original Sound" (som original do Kevin). As letras de suas músicas promovem mensagens e pontos de vistas positivos sobre o cotidiano. Muitas vezes, critica a fome por dinheiro, fama e violência na cultura do rap midiático. K-os produziu e tocou guitarra e teclado em seus 4 albuns, além de colaborar e produzir vários trabalhos de artistas diversos.

Após assistir o clipe de "Born to Run", fiquei estasiado. Ví uma série de detalhes e referências, que me deixaram intrigado. Após alguma pesquisa, consegui especificar algumas delas.



Vejam: K-os está em algum momento no futuro, devido as refêrencias de evolução como a viagem espacial, os móveis futuristas em seu quarto, etc. Tocando tranquilamente em seu quarto, K-os é alertado a comparecer no 'salão branco', um lugar que é usado nesta sociedade utópica para conferências e julgamentos.

Numa das tomadas do clip, ao topo, vemos uma moça que olha sorridente para K-os, com roupas diferentes dos demais. As cores de sua veste são azul e branco -- lembrando Maria mãe de Jesus -- como a representação do divino e do sagrado, de deus, ou deusa. Todos estão sérios e pálidos, e o contemplam enquanto continua a cantar, esforçando-se para fazer valerem suas palavras. Andando em uma esteira circular com sua banda de mulheres ao centro (que estão vestidas como deusas gregas, numa reafirmação que K-os dá ao valor da figura feminina, mãe, deusa, musa), um gira-mundo que mostra que o tempo nunca para, e que precisamos continuar para cumprir nossos objetivos.

De repente uma garota na plateia agita-se, e não se contém com o ritmo e com as palavras, começando a dançar frenéticamente. Se liberando das amarras para curtir a música, ela percebe que todos estão olhando para ela com um olhar de reprovação. Mais tarde, ela se reprime e rejeita seu comportamento, como muitos de nós fazemos nessa sociedade que oprime e sufoca a individualidade, buscando padrões conservadores. Ao sentar-se, é observada por outra moça, assustada por seu comportamento rebelde, e talvez admirada.

Apesar de artista pop, K-os vem do hip-hop, e os elementos da cultura estão lá: o break, o blusão de capuz, o rádio toca-fitas, a rebeldia. Ele faz uma clara referencia aos 1:99 à Bob Dylan, tanto nas vestimentas quanto na sonoridade da música. Faz questão de demonstrar na levada da música a diversidade, que contém os elementos do reggae, do pós-punk oitentista dos The Police, além do rock eletrônico setentista de Kraftwerk e cia. Aos 4:03 podemos ouvir também um lindo arpegio, tradicional da música erudita, tocado num sintetizador, a união entre o velho e o novo, o sagrado e o profano.

Bastante interessante, nunca tinha olhado o clip dessa forma, mesmo depois de tê-lo assistido algumas vezes.

Mais

- K-os Myspace
- Racionais
-The Police
- Kraftwerk- Maria mãe de Jesus
- Deusas
- Arpejo
- Pós-punk

Fernando Miranda

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