Por Fernando Miranda



Me surpreendi com o álbum Karma (2009) da banda norte-americana Winger. Este é um daqueles álbuns que nós não encontramos nenhuma faixa desprezível (o que é uma raridade nos dias de hoje, já que a produção e o acesso a publicação está massificada, diluindo um pouco a presteza técnica). Eu não conhecia a banda, conhecia somente a música "Seventeen". Banda do vocalista Kip Winger, que causou frisson nos anos 1990, o Winger é uma banda competente. Não trás nada de novo, mas trás um rock’n’roll que presta homenagem ao melhor que se produziu num gênero de excessos visuais, mas que teve momentos mágicos: o Hard-Rock. Assim como algumas bandas contemporâneas como Bom Jovi, Whitesnake, Dokken e Extreme (e outras que já deveriam ter se aposentado), o Winger continua na ativa fazendo boa música.



Os músicos são fantásticos: a bateria sólida do monstro Rod Morgenstein lembra muito a de Matt Sorum da The Cult, marcante, simples e precisa, mas por vezes destruidoramente desconcertante. Há o trabalho de guitarras primoroso de Reb Beach e John Roth, cheio das firulas shred características e melodias gostosas de ouvir, a la Satriani, Vinnie Moore e outros guitarristas da época. Mas o show mesmo fica por conta do contrabaixo e da voz de Kip, que tem nesse álbum uma influência descarada de KISS, tanto no modo de tocar quanto no cantar. Percebemos isto logo na faixa de abertura 'Deal With the Devil', me lembra muito as coisas que o Van Halen fazia nos primeiros álbuns, onde homogeneamente diluíam o som do KISS em suas músicas.



Mas a banda não se limita a isso. Podemos ver muita personalidade também. 'Stone Cold Killer' e 'Come a Little Closer' vem como uma pedrada na cabeça, poderosa, com riffs meteóricos, e que fala de um dos assuntos preferidos dos hardbangers: amores e mulheres fatais e suas peripécias! Supernova talvez seja a música do álbum onde imprimem toda a sua potência composicional, contendo um dos refrãos mais bonitos do álbum, principamente na segunda parte antes da entrada do solo aos 1:37 min. Simplesmente matadora!

'Supernova' tem algo de Killing Joke com sua levada erótica, oriental, cheia de sonoridades melancólicas. 'Always Within Me' também merece destaque, tem um 'q' de Whitesnake, mas Kip busca um timbre quase Chris Cornell. 'After All These Years', lembra muito das composições e do clima de Richie Kotzen, é um rock-soul-gospel lindo de morrer, que versa sobre amores perdido que atravessam o tempo. Essa música tem um dos solos mais lindos do álbum, cheio de sentimento e que comunica bem o sentido da música.

Resumindo, obrigatório pra quem gosta de um bom Hard-Rock. Bom pra ouvir no carro, na estrada, no quarto, seja onde for.


Winger – Karma
Gravadora: Inner Wound Recordings
Lançamento: 2010
Gênero: Rock
Estilo: Hard Rock

Faixas*:
1 Deal With The Devil 3:00
2 Stone Cold Killer 2:45
3 Big World Away 3:50
4 Come A Little Closer 2:50
5 Pull Me Under 3:20
6 Supernova 6:17
7 Always Within Me 4:15
8 Feeding Frenzy 3:00
9 After All This Time 6:23
10 Witness 6:59

*algumas versões contém músicas extras.

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