O Mundo Mágico de Escher no CCBB

Confesso que foi com júbilo que fui três vezes ao CCBB para apreciar e degustar a obra viva do artista que mudou a minha percepção do desenho. Sendo eu um mero autoditata no que toca as artes gráficas, fiquei completamente extasiado ao ver pela primeira vez a litogravura de 1948 Drawning Hands (Mãos Que Desenham). Já havia me impressionado com a exuberância da arte de M.C. Escher logo na adolescência. Ao saber como se dava seu processo composicional, fiquei ainda mais impressionado: via ali o conceito personificado de perfeição e dedicação extrema. Incluo esta como representação de minha saborosa indignação, mesmo que não conste na mostra apresentada aqui:



Drawing Hands 1948 Lithograph

Mauritus Cornélis Escher, holandês que voou nas asas do imaginário e da geometria, faleceu em 1970. Segundo as minhas pesquisas, Escher estudou e dedicou toda a sua vida a artes gráficas. Viajante de mão cheia, Escher passou por diversos países e culturas, tais como Espanha, Bélgica, Suíça, Itália. Mas o grande impacto sentido na obra dele é mesmo de Alhambra, no pequeno país caribenho de Granada. Lá conheceu os azulejos mouros e arte árabe. Sendo assim, Escher fez crescer uma obsessão por figuras que se repetem e se transformam, substituindo as figuras abstratas da arte árabe por figuras encontradas na natureza e no imaginário como peixes, pássaros, sapos, gárgulas, demônios, anjos, e um de seus animaizinhos preferidos: os répteis. A influência da graduação abandonada de arquitetura em suas obras é latente. Escher estudou e utilizou – sem qualquer estudo formal da ciência matemática – o conceito de isometria (que é a padronização da distancia entre pontos e ângulos em figuras diferentes, mesmo que desdobradas em outras formas) para transformar seus ambientes e paisagens em peças lindas de ausência gravitacional.



Relativity 1953 Lithograph

Uma das primeiras obras que vi do artista impressionou-me. Escadas que sobem e descem ao sabor do olhar se nunca acabarem, são pra mim uma representação de infinito, que também aparece em obras do artista expostas, como a “Fita de Moebius”. Está esta gravada na parede do prédio, numa área estratégica da exposição, no primeiro andar, se me recordo.



Bond of Union 1956 Lithograph

‘Bound of Union’ é uma das mais sedutoras obras, em minha opinião. Não só pela estética, mas pela perfeição nos detalhes. Os corpos vazados, se comparados, se completam perfeitamente. Onde um começa, o outro termina. O ideal do amor ‘perfeito’. Está localizada no subsolo, área dos trabalhos originais.



Day and Night 1938 Woodcut

‘Day and Night’ é uma das peças que representam melhor o trabalho de Escher. Tudo está ali, a dualidade, a subjetividade, as viagens, as influências, a presteza técnica, a simplicidade. Para o leigo que a aprecia, é linda. Para o iniciado nas artes gráficas, um deleite, e porque não dizer, uma maldição: conseguiria eu, nas mesmas condições compor tal obra? Vemos o conceito de genialidade florecer nessa figura, encarnado. Está localizada no subsolo, área dos trabalhos originais, junto de outros notáveis como as ‘Metamorphosis’, entre outros.

O CCBB

Parte da exposição é interativa, como na caixa onde as pessoas ‘crescem’ ou ‘encolhem’, as projeções 3D (quem infelizmente não pude ver, devido a extrema lotação nos dias escolhidos), a obra ‘The Eye’ que atraía crianças e adultos curiosos, incitando a apreciação crítica, mesmo que inconsciente, além das peças ‘que se moviam’ ao passar por elas, excertos gráficos retirados do trabalho original do artista. Outra genial peça é o cômodo montado no subsolo, que abrigaria a ‘Casa de Escher’. Lá podemos viver a sensação do artista ao compor a obra ‘Hand With Reflecting’, onde ‘pinta’ seu reflexo esférico enquanto segura sua bola espelhada. Definitivamente, foi encantadora esta exposição.

Mais:

>> M.C. Escher -- site oficial
>> CCBB

Fernando Miranda

2 comentários :

  1. hahahah to passeando aqui pelo blog, gostei desse post também, me senti da mesma maneira! tanto que fui também três vezes sem reclamar! Amo Escher desde a primeira vez que vi a obra Drawning Hands!
    Muito bom!

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  2. Valeu Robson, curto muito o trabalho do cara! Continue visitando! Um abraço!

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