Perfil: Avishai Cohen

Por Fernando Miranda 



Feliz Natal a todos os leitores do Ruído Pop! É nesta data tão especial que decidi compartilhar algo tão bom com vocês. Avishai Cohen é um artista raro. Descobri este aqui por acaso: navegando no Youtube numa dessas noites insones, pesquisava alguns artistas de jazz. Foi então que na lista de vídeos, vi a indicação de "Nu Nu" (até hoje, marcante, uma das minhas preferidas) ao vivo no bar Blue Note Jazz Club. Fiquei completamente encantado: apesar de serem bateria, cello e piano, os sons não remetiam somente ao clássico, ao jazz, ou ao erudito. Era de vanguarda, free jazz. Fui tomado por uma onda de sensações. Eram fortes as linhas de baixo, rebeldes, o piano e percussão num nível de improvisação extremo.


Mais tarde saberia do por que: Cohen é um dos músicos mais respeitados no mundo, e é considerado um dos maiores de sua geração. Comparações com Jaco Pastorius e Ron Carter não faltam, influências óbvias de Cohen, que vem do rock, do fusion, e o do free jazz arquitetados por estes. Outro fato interessante: é apaixonado por piano, e este foi um dos seus primeiros instrumentos de iniciação musical. Toca e compõe alternando entre piano e contrabaixos cello e elétrico. De ascendência judaica, tem aliados ao rock e o jazz a verve desta música tradicional. Criado num kibutz (uma especie de "empresa" fraternal, tradicional entre os judeus) ao norte de Israel, além da música tradicional, tem como grande influência um compositor brasileiro: Antônio Carlos Jobim.




Quando de sua visita ao Brasil para a série de concertos "Música pela Cura" patrocinados pela TUCCA (Associação para Crianças e Adolescêntes com Câncer) em Julho deste ano, Avishai concedeu entrevista a Rodrigo Levino do site da Revista Veja!:

Qual foi a sua impressão do público brasileiro?
É um público atencioso e aberto para ouvir desde standards de jazz a experimentações musicais contemporâneas. Me surpreendeu também a quantidade de jovens. Além da Sala São Paulo, onde me apresentei, que é um lugar belíssimo. Isso contribuiu para um bom espetáculo.

Quanto há de música brasileira nas suas influências?
Muito. Meu compositor preferido é Antonio Carlos Jobim, e gosto bastante de Elis Regina. A música brasileira tem uma força impressionante. Há dois lugares no mundo que as pessoas relacionam a música imediatamente após ouvir o nome: Brasil e Cuba. Esses dois países foram fundamentais para expandir os meus horizontes, porque têm uma música que é ao mesmo tempo dançante, complexa e muito rica.
O último trabalho de Avishai chama-se Seven Seas, e foi lançado em fevereiro deste ano. Produzido pelo Avishai Cohen, Itamar Doari e Lars Nilsson, e foi gravado na Suécia  e contém 10 lindas faixas que contém o melhor de sua músicalidade. Sete delas são de composição de Avishai, uma de Mordechai Zeira (um dos grandes compositores judaicos do século XX) e duas de domínio público, iídiche e ladino.

O álbum foi bem recebido pela crítica. Sites de mídias como The Telegraph UK, The Guardian, entre outros citado como bom e ótimo. Do site All About Jazz, um trecho da crítica de Nenad Geordievski:
Seven Seas is a remarkable album; most impressive is Cohen's clarity of vision, which is what separates the boys from men. Cohen knows what he wants and, even better, he knows how to achieve it. The album's immediate attraction is its loose, fresh informality, a spontaneous and sparkling liveliness. The result of this unlikely union is one of the most seamlessly beautiful works Cohen has ever produced.
Nele, Nenad diz que este trabalho separa "os homens dos garotos" dentro do ambiente de artistas do jazz contemporâneo, dizendo que o resultado do álbum é uma mescla do melhor que Cohen ja produziu até hoje. Concordo plenamente, altamente indicado para os fãs de boa música!

Assista o artista em apresentação gravada no Cully Jazz 2011:



>> Leia a entrevista completa de Avishai Cohen ao site da Revista Veja!
>> Fotos e informações sobre o show de Avishai Cohen no Brasil
>> Site oficial de Avishai Cohen




Fernando Miranda

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