Agentes do Destino (The Adjustment Bureau, 2011)

Por Fernando Miranda



Se trocarmos em miúdos, vemos que Agentes do Destino é um filme de romance atípico. Ou um filme de ação atípico. Ou os dois. Isto porque os temas são trabalhados de forma tão sutil, que quase não percebemos a fina linha que separa os gêneros, se é que temos que separá-los. Afinal, os filmes são para divertir, mas os bons nos fazem pensar. Este é um deles. Se você gosta de uma grande história de amor, suspense, e filmes noir, vai adorá-lo!

Baseado livremente num conto de Philip K. Dick de mesmo nome, conta a hitória de David Norris (Damon), carismático politico que concorre a uma vaga no senado norte-americano. Subitamente, seu caminho cruza com o de Elise Sellas (Blunt), uma proeminente bailarina de uma pequena companhia de dança de Manhattan. Este é o primeiro filme dirigido pelo produtor e escritor Georde Nolfi (Ultimato de Bourne), que adaptou ele mesmo o conto de K. Dick. É estrelado por Matt Damon (Além da Vida, Trilogia Bourne), Emily Blunt (A Jovem Rainha Victoria) e com o veterano Terence Stamp (O Procurado, Star Wars I: A Ameaça Fantasma).



Quando da iminente derrota que o assombrava, David retirou-se ao banheiro masculino para preparar o seu discurso. Elise, que fugia de uma festa de casamento no mesmo prédio em que se encontrava o comitê, estava em uma das divisórias. Ao ouvir o discurso de David, resolve interpelá-lo. Após poucos minutos de conversa, estavam perdidamente apaixonados. Elise deixa o prédio fugindo dos seguranças da festa, sem sequer dizer-lhe seu nome. David a encontra novamente num ônibus, e pega seu telefone.

Ao descer do ônibus, David é abordado por homens estranhos, parecidos com os que perseguiram Elise naquele dia. Um deles se apresenta: chama-se Richarson, e diz que ele não pode ficar com a garota, porque não faz parte do "Plano". Ao esbravejar solicitando respostas, acaba descobrindo que estes homens de chapel fazem parte de um orgão misterioso, e são chamados de "Agentes do Destino": tais seres podem ler seus pensamentos, antever seus atos, e mover coisas a sua volta. Richardson explica que se ele e Elise ficarem juntos, trarão sérias conseqüencias para si e para a humanidade. Tal "Plano" é arquitetado pelo "Presidente", aquele que rege a companhia. Se ele insistir nisso, a memória dele será apagada, e ele não se lembrará de nada, entrando em completo estado de insanidade. Mas David não esquecerá o amor de sua vida assim tão facilmente, e dará muito trabalho ao "Presidente" e sua Agência.



AVISO DE SPOILER - o texto abaixo pode conter revelações sobre a trama, mas não comprometem sua apreciação e nem revelam seu final. Recomendamos sua leitura somente se procura dicas e críticas sobre o filme.

Gostei bastante do filme, como citei acima, é um filme atípico, mas bastante hollywoodiano. A diferença aqui se dá por conta da mente que concebeu a idéia: Philip Kindred Dick foi um dos escritores mais importantes da literatura de Ficção-Científica. Hollywood sempre o adorou, vários de seus contos e novelas foram transformados em películas: Minority Report (com Tom Cruise), Blade Runner (dispensa comentários) e O Vingador do Futuro (esse então, rs).

O filme aborda de forma subliminar temas metafísicos e religiosos. Os "Agentes" são anjos, guardiões, sentinelas, e são responsáveis por colocar as coisas em ordem. Segundo o filme, em várias ocasiões, a humanidade falhou na utilização do Livre-Arbítrio (o juízo livre, a capacidade de escolha pela vontade humana entre o bem e o mal, entre o certo e o errado). Sendo assim, os agentes põe em prática O Plano, até que os seres humanos estejam maduros o suficiente para voltar a utilizá-lo. O "Presidente" é o Deus ou a Deusa que arquiteta o plano que devemos seguir.

Isto reflete o interesse de K. Dick advindo de suas experiências pessoais. Seus livros abortam temas como com drogas, paranóia, esquizofrenia e viagens transcendentais, podemos ler tudo isso em novelas como VALIS e O Homem Duplo (que também virou filme com Keanu Reeves), ambos editados no Brasil pela Editora Aleph.

Damon está convincente como Norris. É um papel básico, e o desempenha com eficácia e de forma bastante cativante. Vale bater palmas para Ms. Blunt por tornar a química entre os dois, fantástica! E nas cenas em que se apresenta como dançarina, podemos comprovar que é ela mesma que as desempenhou. Bom, os atores norte-americanos tem a dança como tradição em seu aprendizado, e sabem dançar bem aqueles que querem ser bem sucedidos: os musicais são a principal atração nos teatros off-circuit e da Broadway, além de ferramenta para se fazer notável! Nada demais quanto a direção do filme, Nolfi a faz como aprendeu com os figurões, conforme a regra do cinemão. Mas consegue extrair boas atuações, principalmente nas cenas finais.

Filmado em Manhattan, Nova York, trás uma visão romântica, a cidade que tem bastante representatividade na história. Os cenários captados são de tirar o fôlego, com direito a uma visitinha à Estátua da Liberdade. O diretor Nolfi diz "Se existisse um local que pudesse abrigar algo tão grandioso quando as instalações da 'Agência do Destino', é esta cidade em que pisamos neste momento." A linda trilha sonora fica por conta de Thomas Newman, um cara que tem pequenos feitos: ganhou um BAFTA, dois Grammys e Emmy's, além de ser indicado ao Globo de Ouro várias vezes por suas composições. Seus feitos compreendem WALL-E, Estrada Para A Perdição e Beleza Americana. A música tema do filme é "Future's Bright" de Richard Ashcroft (ex-The Verve).

Recomendado para quem gosta de um bom SyFy! (:

Veja o trailer de Agentes do Destino (2011):


Mais

> Leia sobre Philip K. Dick na Wikipedia
> Visite o site da Editora Aleph
> Veja o clipe de "Future's Bright" de Richard Ashcroft

Fernando Miranda

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