
Para quem gosta de um som descaradamente pop mas sem ser descartável, com doses cavalares neo-soul, gospel, rock psicodélico e de garagem, uma boa pedida é o álbum Armistice dos norte-americanos do Mutemath. A banda é de Nova Orleans e foi formulada em 2003. Atualmente o grupo consiste em Paul Meany, tecladista e vocalista, Darren King nas baquetas, Todd Gummerman na guitarra e Roy Mitchell-Cárdenas no baixo elétrico. A banda já ganhou alguns prêmios com álbuns anteriores, foi indicada ao Grammy Award em 2008 com o clipe feito para a música “Typical”, além de aparecer em compilações de diversas trilhas sonoras, como a do filme Transformers, e até fez um cover de “Fallin” da cantora estadunidense Alicia Keys.
Armistice surgiu de uma compilação de idéias e gravações dos membros durante turnes, férias, e anotações pessoais, tornando-se as dez faixas da edição de lançamento. Depois de muito ensaio, quando tudo estava nos trilhos para as gravações, procuraram o produtor Dennis Herring, que já trabalhou com medalhões como Modest Mouse, Elvis Costello e The Hives. É admirável na banda o incrível apelo pop sem ser descartável, ou algo que você ouve e premedita que virá no segundo seguinte. Há aqui sonoridades que lembram as batidas dançantes de Gnarks Barclay, a energia de um Franz Ferdinand, e a veia poética e romântica de bandas como Maroon 5 e Keane.
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Gummerman, Meany, King e Mitchell-Cárdenas. Foto por Colin Gray; divulgação. |
Herring contribuiu para que as sessões fluissem muito mais agradáveis e criativas, extraindo um potencial que a banda desconhecia, trazendo coesão e sentido de unidade, algo que Cardenas comprova: “Todas as nossas brigas de antes giravam em torno da nossa inabilidade em resolver tudo juntos. Mas algo especial aconteceu quando a gente resolvel calar a boca, pegar os instrumentos e nos desprender de tudo o que tinhamos feito anteriormente.” Desta epifania surgiram músicas de última hora, como “Spotlight”, single que entrou para as paradas de sucesso e para a trilha do primeiro filme da Saga Crepúsculo: Twilight. O album começa de forma impressionante, as quarto primeiras músicas, The Nerve, Backfire, Clipping e Spotlight são de arrasar, não paramos de bater os pés e mãos onde quer que seja, ou dançar com a contagiante sonoridade que domina Armistice.
Em “The Nerve” ouvimos a voz de Meany envenenada, rouca, etéria; esta tem uma linha de baixo marcante com uma irresistível pegada à lá The Killers e um fundo cheio de intervenções eletrônicas com ecos e distorção na medida certa. "Backfire” é uma das músicas mais contagiantes do disco, é mais eletrônica, cheia de samplers, onde as guitarras não constroem acordes, mas servem de contraponto melódico, trocando de lugar com o baixo. São fascinantes as melodias secretas e camadas por dentro das “entrelinhas”, é preciso ouvir com atenção, pois a dançante massa sonora nos leva para longe de todas as minúcias harmônicas. É um ótimo exemplo de excelente mixagem, se escutarmos com os olhos fechados, podemos “ver” a posição dos instrumentos: baixão e batera no centro, vocal “na testa”, guitarra rasgando tudo à direita, teclado à esquerda e efeitos de monte flutuando por todos os lados.
Já “Goodbye” tem vocais melodiosos, grandes paredes harmônicas que cessam de tempos em tempos para dar lugar de destaque a climas viajantes de guitarra, a bateria meio discoteque com batida sincopada e enérgica. Uma das construções mais lindas do álbum está no trecho que vai dos 2:29’ aos 3:02’, e é tão rica que podemos experimentar uma sensação quase sinestésica. Para mim, essa música tem uma das letras mais bonitas e românticas do álbum, que fala sobre valorizarmos a passagem do tempo e respeitar o destino durante um relacionamento, ou na ausência dele, já que temos a mania de controlar tudo que deve acontecer. Um trecho da letra:
We don't have to try running from each other, I read your eyes, you don't have to bother.
Nós não precisamos correr um pro outro, eu li nos teus olhos, não se preocupe.
Maybe we'll survive if we don't discover, one life ties to another.
Talvez sobreviveremos se nós nunca descobrirmos nossas vidas atadas uma à outra.
Sem querer soar cliché, mas Armistice
é um álbum que você colocará no seu player, e vai ter dó de tirar por um bom
tempo! (:
Altamente indicado!
Ouça ainda: Clipping, Pins and Needles, e Lost
Year
Veja o clipe da música Spotlight
no Youtube:
Ouça as músicas de Armistice no Grooveshark:
Fontes:
- Site oficial: http://mutemath.com/about/
- Wikipedia
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