Os 21 Anos de Ten...


...E O QUE O ÁLBUM SIGNIFICA PRA MIM NOS DIAS DE HOJE.

Ontem, dia 27 de agosto, o primeiro álbum da banda Pearl Jam completou 21 anos desde a estréia no mercado fonográfico. A primeira lembrança que tenho da música é a de assistir ao clip de Jeremy às 4h da madrugada, enquanto tentava ajeitar a antena da tevê. Nesta época, não haveria a menor possibilidade da tevê à cabo passar pelo bairro, e via satélite era caro demais. Então, eu me virava com a minha tevê de 14 polegadas que pegava a frequência UHF. Eu sempre gostei de dormir tarde, e gostava de assitir à MTV -- pelos idos de 1996, quando a programação era baseada em clips, e não em programas de auditório -- de madrugada, porque passavam blocos de clip por gênero. Um heavy-metal, outro punk, etc. Mas eu aguardava ansionsamente pelo bloco grunge: Alice in Chains, Canclebox, Soul Asylum, Soundgarden e finalmente o PJ.

Comprei o CD em uma loja que existia no Conjunto Nacional (em SP), não me recordo o nome. Lembro que nele vinha colado um selo que dizia "best price", paguei na época uns R$12 pelo mimo. E ouvia o disco até fazer um outro furo. Essa era uma época em que o formato estava no auge. Não haviam mp3 player, ou mesmo o Ipod: a coqueluche era o Discman, o "walkmen" de CD's.

O artormentado garoto Jeremy



Estava aprendendo a tocar violão na época, e já me gabava te tocar razoavelmente bem. Era uma época de poucas preocupações financeiras, e inúmeras preocupações juvenis. "Deus existe?". "Com o que vou trabalhar?". "Pra que serve estudar, vou usar tudo isso um dia?". "É legal tomar drogas? Todos usam, deve ser". A mais popular delas era: o mundo acabará no ano 2000? Morro de dar risada ao lembrar disso. Voltando ao violão e à música...vi uma das inúmeras reprises do MTV Unplugged, e me lembro de aprender ao riff de Even Flow! Que alegria! Sempre gostei de cantar, e passava as tardes ouvindo o àlbum e tentando replicar os trejeitos e gritos de Eddie Vedder:

"All the pictures have all been washed in black, tattooed everything 
All the love gone bad turned my world to black 
Tattooed all I see, all that I am, all that I'll be, yeah"

Vedder a plenos pulmões em cena do clipe 'Jeremy', single do álbum Ten
O fato é que eu consegui. Óbvio, não era tão bom quanto eu achava que era na época, mas meus amigos ajudaram a inflamar o meu ego: montei uma banda, e tocava sempre que podia com meus melhores amigos, em festas de dois dias onde acontecia de tudo, em festivais nos colégios, em bares, nas calçadas, onde eu pudesse cantar "Black" e "Jeremy", eu cantaria. Até num cemitério, ou num casamento. Todos adoravam -- principalmente depois de muitas cervejas 'na mente'. E eu fui feliz. Consegui garotas (não muitas! haha), deixar felizes os meus amigos, fazer mais amigos. E eu continuava ouvindo o álbum praticamente todos os dias, cantarolava sozinho as músicas na minha cabeça. "Garden", "Ocean". Gostava de tudo: da estética, dos timbres, das letras urgêntes, da agressividade, da virilidade, da entrega e da psicodelia.

Unplugged MTV Pearl Jam (1992)


Enfim, eu não usava as tais drogas que alguns amigos adoravam. Mas "Ten" é a minha droga. E eu continuo 'chapado' ao ouvir o álbum nos dias de hoje. E ele sempre parece um álbum diferente. Há sempre coisas novas, gritos, riffs, melodias. Ao ouvir o álbum hoje, guardado no cartão de memória do celular para ser tocado onde eu estiver, vejo que ele me traz um frescor de juventude e rebeldia que eu tento manter, mesmo que de forma tímida. Naquela época, os Pearl Jam eram o modelo de jovem descolado, inteligente, divertido, raivoso, anti-moda, engajado. E é bom revisitar este sentimento, ainda que por 54 minutos (em sua versão simples). Nestes preciosos minutos, sou um deles, e percebo que continuarei a ouvir, ler letras, cantar e tocar suas músicas sempre que me pedirem, com uma vontade e com um prazer igual ou maiores do que em 1996. Ten é pra vida toda. Vejo você daqui à 21 anos.


jeremy pearl jam from mary davis on Vimeo.


Fernando Miranda

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