Looper - Assassinos do Futuro (Looper, 2012)

Seguindo as pegadas de A Origem, Cosmópolis e Driver, o filme Looper traz frescor, ação bruta, e ótimas atuações, questionando: nós somos nossas escolhas? 

Poster de Looper. Foto: divulgação.
Em um futuro não muito distante, no ano de 2042, as viagens no tempo existem, mas não são permitidas. Entretanto, um grupo de assassinos da máfia utilizam o artifício para encobrir vestígios de seus assassinatos, enviando as vítimas de volta a um passado não muito distante, no ano de 2027. Neste cenário, os Loopers são os capangas que executam a "limpeza". Quando o Looper Joseph "Joe" Simmons (Joseph Gordon-Levitt) descobre que seu novo alvo é o seu eu do futuro (Bruce Willis), ele falha em sua missão e o deixa escapar. Começa então uma alucinante caçada de Joe ao "Velho Joe", na esperança de salvar a si mesmo, e se manter livre de problemas com seus contratantes. E tudo ficará mais complicado quando uma mãe e seu filho cruzam a vida de Joe, e entram no meio de todo este turbilhão de insanidade.

Veja o trailer, leia a crítica:



Looper é um grande filme. Acho que não devemos taxá-lo determinando gêneros logo de cara. É um filme honesto, e acima de tudo, entrega aquilo a que se propõe: diversão e reflexão com uma pitada de dramaticidade, sem cair em clichês. Na minha opinião, o filme fala das escolhas que tomamos, e como estas escolhas repercutem na nossa vida, no futuro, no presente, e até mesmo na memória, uma vez que nosso passado está em alguma área de nosso cérebro, em constante mutação. Temos culpa, dor, amor, medo? Quem sabe. A memória prega peças. Tem ação dinâmica e pontual, sem exageros, de forma bruta e direta, e muitas vezes realista demais (se você assistiu o filme, sabe do que estou falando).

Johnson e a máquina do tempo de Looper.

Rian Johnson é um contador de histórias, algo que já havia constatado em Brick – A Ponta de Um Crime (um dos meus filmes preferidos), primeiro longa do diretor, e que tem a primeira parceria de Johnson com Gordon-Lewitt. Em Looper, ele dirigiu e escreveu um roteiro que funciona, emulando as conversas cotidianas, de alcova, dos blockbusters de ‘porradaria’, é raramente óbvio nas falas dos personagens, estes que são ricos e profundos. Ao menos Joe, Sara, Cid, e Seth (Paul Dano, ótimo) são ricos, podemos viajar através de suas falas e especular sobre quem eles são. Podemos perceber algumas influências, de Martin Scorcese a Paul Thomas Anderson, Chris Nolan e até Michael Haneke.



Há silêncios no roteiro – algo muitas vezes raro no cinemão de hoje – que são preenchidos com pinceladas imagéticas, cenários, detalhes, tonalidades de cores que falam sem ‘falar’. Outro ponto positivo é que Johnson mantém o foco e não se deixa levar pela tentação de explicar demais coisas como a telecinese de parte da população, ou de como são feitas as viagens no tempo com aquelas explicações intermináveis, que rendem alguns minutinhos de cochilo até as explosões começarem.

AVISO - o texto abaixo pode conter revelações sobre a trama, mas não revelam seu final. Recomendamos sua leitura somente se procura dicas e críticas sobre o filme. 



Joseph Gordon-Lewitt prova mais uma vez que é um dos atores mais promissores de sua geração, emulando muito bem os trejeitos de Willis ao interpretar o Joe do Presente, de rosto inexpressivo, mas cheio de sentimento nos olhos ao desvelar seu desprezo por Abe (Jeff Daniels, em atuação morna, mas eficiente). Aos poucos vai deixando o ar carrancudo e a mentalidade gananciosa, e dá gosto ver o palpável o respeito e carinho por Sara e por Cid crescerem, ao passo que identifica-se mais e mais com o garoto, projetando seus traumas infantis. Não é a toa que ele tem participado de grandes produções, tornando-se um dos atores preferidos de Hollywood dos grandes estúdios e filmes independentes de orçamento modesto.



Emiliy Blunt (maravilhosa) está ótima no papel de Sara, e manda bem interpretando a mãe que defende sua cria. Seja soltando palavrões inconcebíveis na boca de uma mulher, com aquele leve sotaque hillbily, seja ao rolar lágrimas entre um cigarro e outro, relembrando um passado duro, Blunt mostra seu talento cada vez mais cobiçado pelos realizadores. Pierce Gagnon, o garoto que interpreta Cid é fora de série, tem futuro!



Bruce Willis como o Joe do Futuro, não precisa nem comentar né: o cara tá em casa. Se você já assistiu O Quinto Elemento, 16 Quadras, Xeque-Mate e Substitutos, sabe que Willis adora filmes de ficção-científica e de ação que tem um viés mais dramático e denso, muitos deles são culto até hoje. Pra ver e rever, pode ser um filme diferente a cada apreciação. =)

Opinião:  (esse filme destrói, assista o/)

Título do Filme: Looper - Assassinos do Futuro (Looper, 2012).
Direção e roteiro: Rian Johnson. Elenco: Bruce Willis, Joseph Gordon-Lewitt, Emily Blunt, Jeff Daniels, Paul Dano, Pierce Gagnon. Nota do IMDB: 8.3/10.

Fotos: divulgação, facebook oficial.


Mais:

Fernando Miranda

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