Nevasca, de Neal Stephenson



O livro Nevasca, de Neal Stephenson, coloca você dentro de uma incrível experiência: em um futuro não muito distante, você vai até um grande portão. Lá, uma sentinela lança um lazer diretamente em seu rosto. Logo após ter a retina escaneada, você tem permissão para passar pelos portões de sua cidade, e chegar até sua casa com tranquilidade. Você se imagina neste cenário? Pouco provável. Que tal: ao chegar em casa, você guarda seus pertences, fica confortável, e se conecta à rede mundial de computadores. Acessa um jogo ou programa que pode criar uma réplica sua, e com ela, fala com seus amigos, compra coisas, ou pode até mesmo hackear outros computadores. Ah, parece mais plausível, agora, não?

Lançado pela Editora Aleph em 2009 no Brasil, Snow Crash em seu nome original, foi fonte de inspiração para a criação da sensação tecnológica e fracasso comercial Second Life, uma plataforma cibernética semelhante às redes sociais que você utiliza hoje em dia. A diferença é que você interage com outros usuários, empresas e ambientes dentro de um universo em 3D. É citado por diversos cineastas, literatos, quadrinhistas e até por cientistas e profissionais de ciência da computação como referência. Considerado por muitos críticos e leitores como um livro no mínimo revolucionário, sua história mescla realidade virtual, mitologia suméria (os criadores da escrita cuneiforme, que antecede todas as formas de escrita), e tudo aquilo que havia de mais moderno e interessante acontecendo na política, religião, e tecnologia.





Os Estados Unidos entraram em falência econômica e democrática. O controle da segurança, saúde e da prestação de serviços ficou nas mãos de empresas, corporações e mercenários de toda a espécie. Agora, o herói: Hiro Protagonist trabalha para uma empresa de propriedade da máfia italiana como entregador de pizzas, tudo para matar um pouco do tédio. Nas horas vagas, Hiro é um dos maiores hackers do mundo, respeitado e idolatrado por legiões e tribos espalhadas pela rede. E todos eles têm algo em comum com o espadachin-hacker: o Multiverso.

Nesta realidade virtual, o rapaz pertence a uma elite de hackers que ajudou a criar. Nela, pessoas de todo o planeta perambulam em forma de avatares, que podem ou não ser cópias fiéis: a escolha do sexo e visual fica a gosto do cliente. Entretanto, o poderoso e milionário hacker se envolve em um problema gigantesco, e é salvo da morte certa por uma “Kourier”. Y.T., uma garota de apenas 15 anos, é tão talentosa quanto Hiro, e que leva uma vida dupla tão chata quanto a dele.

Arte conceitual: YT From Snow Crash, by Ruben Devela

Esquerda: capa original. Capa da Penguin Books, 2011

Quando o colega de Hiro, Davi5, é infectado pelo Snow Crash -- um “vírus linguístico” que acessa algumas das partes mais remotas da memória -- após ler uma bitmap, um pergaminho que contém poderosas frases escritas em sumério arcaico, entra em estado de coma. Hiro e Y.T. se unem a "tecnocultista" Juanita, uma dos fundadores da Black Sun, a sede e fortaleza hacker impenetrável do Metaverso. Encontrando diversas outras figuras pitorescas em sua jornada, entram no submundo de uma corporação religiosa, para descobrir o que o Snow Crash realmente é: um meta-vírus, uma droga ou uma religião.

Com um ritmo de tirar o fôlego, a obra mescla a narrativa policial veriginosa com contornos noir à arqueologia tecnológica e histórica, que une culturas antigas a um futuro que nos parece cada vez mais próximo e pessimista. O livro foi eleito pela Revista TIME um dos "100 melhores romances em língua inglesa do século XX" e projetou Neal Stephenson mundialmente, um dos autores mais vendidos atualmente nos EUA. Para fãs de Eu Robô, Trilogia Matrix e amantes da literatura de ficção.

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Fernando Miranda

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