Por Fernando Miranda




De longe, uma das séries de maior sucesso da literatura, Harry Potter nos conta a história de um garoto comum que recebe um convite para entrar em uma das maiores escolas de magia da Inglaterra, e fascina pessoas de todas as idades. Seus sete livros publicados venderam a incrível soma de 34 milhões de unidades no mundo, em cópias traduzidas para mais de 63 idiomas, tornando Rowling uma das escritoras mais ricas de toda a literatura. Publicados originalmente pela editora Bloomsbury Publishing, foi lançado no Brasil pela Editora Rocco, e pela Editorial Presença em Portugal.


J.K. Rowling e o Livro Mágico:

Desde criança, Joanne Rowling -- mais conhecida como J. K. Rowling --  gostava de ler contos infantis clássicos e contemporâneos, algo que fez crescer na garota uma incrível vontade de se tornar escritora. Na adolescência, Joanne estava decidida sobre o que cursar na faculdade: Línguas, particularmente Inglês. Por influência dos pais, ingressou no curso de Francês e Línguas Clássicas da Universidade de Exeter, visando sucesso profissional. Formada, fez alguns trabalhos temporários, como secretária bilíngüe, mas estava infeliz.

J.K. Rowling - fonte

Os primeiros manuscritos foram rabiscados em bares, cafés, e em casa, nos dias de folga. Escrever sobre os personagens, criar o contexto do livro ajudava Joanne a passar pela depressão, falecimento de sua mãe e dificuldade financeira em que se encontrava. O amor da família e dos amigos, em especial Sean Harris, que a inspirou a criar o persoangem Ron Weasley, foi essencial. Muitos dos personagens e contextos usados nas obras são derivados deste período nebuloso.

As inspirações citadas em entrevistas por Rowling são: "O Cavalinho Branco", de Elizabeth Goudge, toda a obra de Edith Nesbit, além de "As Crônicas de Nárnia" de C.S.Lewis. Jane Austen e Jessica Mitford são as duas autoras preferidas.
A História

Harry Potter vive de favor na casa dos tios "trouxas", em plena era moderna, onde playstations, celulares, e carros são vistos aos montes. Dorme em um quarto improvisado debaixo da escada. Os tios de Harry o rejeitam, pois sabem da origem dele: sua tia é irmã de Lilian Potter, sua mãe, única bruxa em uma família de trouxas. Harry acredita que seus pais morreram em um acidente horrível, assim, seus tios o fazem relembrar constantemente de ser grato por morar e comer de suas providências. Como se não bastasse, seu primo mimado o persegue com brincadeiras maldosas, fazendo com que Harry sinta-se cada vez mais abatido com a vida que leva.

fonte

Ao completar 11 anos, recebe a visita de Alvo Dumbledore, que conta toda a verdade sobre seu passado: a estranha cicatriz em sua testa, na forma de um raio, foi provocada por um encontro com Voldemort, o todo-poderoso bruxo das trevas que matou seus pais. Ao fim da visita, Dumbledore o convida para o curso da Escola de Magia de Hogwarts. Lá conhece Rony e Hermione, seus futuros melhores amigos. Bem antes do que imaginava, Harry enfrenta sue maior rival: Voldemort, dividindo o corpo com um de seus lacaios, através de uma Horcrux. "Harry vai para seu mundo mágico, e este é melhor que o mundo que ele deixou, só porque ele encontra pessoas melhores?" explica Rowling.

Por que ler?

Os livros exploram temas como amizade, ambição, escolha, depressão, ódio, sacrifício, pobreza, coragem, adolescência, responsabilidade moral e as complexidades da vida, e acontecem num mundo mágico com suas próprias histórias, habitantes, cultura e sociedades. Três temas são praticamente o cerne temático da série: preconceito, morte e amor. Harry aprende que existem bruxos "sangue-puro", que abominam os "sangue-ruim" (bruxos que vem de famílias trouxas), considerando-os inferiores. Aqueles que vem de famílias meio a meio, os "mestiços" - o caso de Harry - também são perseguidos, e o preconceito chega as vezes ao limite do suportável: um sistema de "castas", onde os sangue-puro mais radicais, acreditam ser superiores aos sangue-ruim e outras criaturas.

Rowlings admite: "Meu livros abordam bastante o tema da Morte. Além da dos país de Harry, há a obsessão de Voldemort em derrotar a morte e conquistar a imortalidade a qualquer preço. Eu percebo porque é que Voldemort quer conquistar a morte. Todos nós temos medo dela". De fato, o nome de Voldemort significa "vôo da morte" em Latim e Francês. Sobre o amor, vemos o exemplo de Lilian Potter, que deixou uma magia de amor tão poderosa em Harry, ao ser morta pelo tenebroso bruxo. Este não conseguiu sequer tocar Harry, e terminar o genocídio completo que programou para a família Potter. Dumbledore acredita que a capacidade de amar permitiu que Harry resistisse às tentações de poder do inominável num segundo encontro, além de não permitir que o vilão tomasse o corpo de Harry, em seu quinto ano de escola.



 A despeito da dura crítica feita por Harold Bloom, um dos críticos mais respeitados, dizendo que "Rowling é tão governada por clichês e metáforas mortas que ela não tem estilo de escrita", nomes como o de Stephen King -- apenas um dos maiores autores da literatura fantástica e de terror -- surge como fã da série. O jornalista Charles Taylor, cita brilhantes trechos dos livros, como por exemplo a cena em que Harry encontra um espelho, e ao chegar mais próximo, vê seus pais sorrindo para ele.

"Uma visão que dura somente enquanto ele olha para o espelho, e uma metáfora sobre o quão passageiros são os nossos momentos de verdadeira felicidade". Taylor conclui que o sucesso de Rowling entre crianças e adultos é "porque J.K. Rowling é uma mestra da narrativa." King, concorda com Taylor e diz que "a série passará pelo teste do tempo e irá para uma prateleira onde somente os melhores clássicos serão mantidos".

Plágio, processos e intolerância religiosa.

Lançado em 1990, a mini-série em quadrinhos Livros da Magia, de Neil Gaiman, continha diversas semelhanças entre Timothy Hunter e Harry Potter, apesar da orientação adulta da linha DCVertigo. Cabelos negros, os óculos redondos, uma coruja como animal de estimação foi suficiente para que J.K. fosse acusada de plagiar a obra. Neil Gaiman, em uma entrevista, declarou que não acreditava que Rowling o tivesse plagiado ao criar seu personagem: "o arquétipo do jovem feiticeiro tem vários outros precedentes na literatura".

Já Nancy Stouffer, autora de livros infantis, declarou que J.K. havia plagiado seus livros The Legend of Rah and the Muggles (Muggles é uma palavra usada por Rowling) e Larry Potter and His Best Friend Lilly (Lily é o nome da mãe de Harry Potter). Abriu processo contra Rowling e seus editores. Stouffer perdeu o processo e foi obrigada a pagar multa por agir de má-fé, além de pagar parte dos custos do processo.

Tim Hunter e Os Livros Da Magia. - fonte

Desde 1999, Rowling enfrenta uma repulsa religiosa, e grupos católicos, protestantes, e até mesmo o Vaticano já pronunciou divergentes opiniões sobre os livros. Peter Fleetwood, padre do Vaticano, disse em uma conferencia que "as intenções da autora na história de Harry Potter, ajudam as crianças a ver a diferença entre o bem e mal, claramente". "Ela é cristã por convicção, e cristã em seu modo de viver, mesmo em seu modo de escrever".

Muitos entenderam isso como uma forma de aprovação. O então cardeal Joseph Ratzinger (hoje Papa Bento XVI) vociferou, dizendo que "os livros desvirtuavam as crianças do caminho da cristandade". Questionada sobre as referencias a magia e ao ocultismo, como a alquimia e a transmutação, a autora rebateu as criticas dizendo "nunca um de meus fãs veio a mim e disse que 'por sua causa eu decidi devotar minha vida ao ocultismo'. As pessoas subestimam demais as crianças. Elas sabem que Harry Potter é ficção".

Harry Potter, o Filme

Em meados de 1997, o produtor David Heyman recebeu uma cópia de "Harry Potter e A Pedra Filosofal", que até então, ainda não havia sido planejado como série, nem era encarado pela editora como prioridade de marketing. Abandonado em meio as várias "tralhas" que esse tipo de escritório recebe, foi resgatado por sua secretária. Logo depois de lê-lo, esta teceu uma magnífica crítica, fazendo com que Heyman - que havia considerado o título do livro "bobo" - o lesse para tirar suas próprias conclusões. Altamente impactado pelo trabalho de Rowling, Heyman não perdeu tempo em "mexer os pauzinhos" para transpor o livro para o cinema, visionariamente, transformando-o em sucesso de bilheteria.

Início de 2000, a Warner Brothers a princípio procurou Steven Spielberg para dirigir a adaptação. Spielberg se interessou pela série, mas seu projeto seria uma animação, com a voz de Haley Joel Osment (Sexto Sentido) dublando Harry. Nenhum dos lados satisfeitos, Spielberg retirou-se do projeto. Diversos outros diretores haviam sido cogitados, entre eles: Terry Gilliam (o favorito de JK Rowling), Jonathan Demme, Mike Newell, Alan Parker, Wolfgang Petersen, Rob Reiner e Tim Robbins.

Hermione Granger (Watson),  Ron Weasley (Grint) e Harry Potter (Radcliff). - fonte

Em março de 2000, Chris Columbus, responsável por roteiros e direção de filmes memoráveis como "Os Goonies", "Esqueceram De Mim" e "Uma Babá Quase Perfeita", foi escolhido como diretor. A tradição de Columbus como diretor de filmes "família" foi evidente e decisiva na escolha do estúdio.

O roteiro do quatro primeiros livros foi vendido para a Warner Brothers em 1999 por 1 milhão de euros. Rowling fez poucas exigências. Uma delas seria de que o elenco principal seria exclusivamente de atores ingleses e europeus em geral, para manter a fidelidade aos livros. Uma curiosidade foi a inclusão de inúmeros atores irlandeses, como Richard Harris para o papel de Dumbledore. O roteirista Steve Kloves (de Garotos Incríveis) foi selecionado para adaptar o livro em roteiro. Rowling foi convidada a ser produtora executiva, acompanhando e dialogando com Kloves para que o roteiro fosse coeso. Teve bastante liberdade de argumento tanto em relação a este quando à direção de Columbus.

Depois de sete exaustivos meses, o ator Daniel Radcliffe, que havia feito uma ponta na adaptação do romance de John LeCarré "O Alfaiate do Panama", foi descoberto "por acaso". Heyman e Kloves, ao assistir uma peça de teatro, viram um garoto "de olhos azuis gigantes" sentado com os pais em cadeiras próximas. Heyman se afeiçoou logo ao garoto: "ele tinha bom humor e inteligência, além de uma curiosidade voraz".

Radcliffe, após fazer o teste para a personagem, surpreendeu-se dizendo que "não achava que tinha sido bom o bastante para o personagem". Os desconhecidos Emma Watson e Rupert Grint foram selecionados para os papéis de Hermione Granger e Ron Weasley, e já mostravam muito talento, levando em conta o fato de que só haviam atuado em peças para o colégio. Heyman, em uma entrevista, citou que "os três formavam um trio mais carismático que já vira, e que unir os garotos foi a melhor decisão comercial e cinematográfica que alguém já teve".

E parece que estava certo. Os filmes de Harry Potter não só derrotaram a bilheteria de clássicos como a trilogia "Star Wars". É a franquia cinematográfica número um na história com 4,5 bilhões de dólares em vendidos, tendo "O Senhor dos Anéis" em seguida com 2,9 bilhões de dólares. O sexto filme da série, "Harry Potter e o Enigma do Príncipe", ou "Harry Potter e o Príncipe Misterioso" em Portugal, estreiou em 15 de julho de 2009. Leia os livros, veja o filme, e se divirta a beça.



Fontes:
>> Wikipédia (br, us)
>> Oclumência
>> Warner Bros

Mais:
>> Oclumência, o maior forum de fãs e notícias em língua portuguesa
>> Potterpédia e Ojesed, duas enciclopédias sobre a série
>> Compre os livros e filmes no site da Livraria Saraiva